Imagine ver cerca de 30% de um patrimônio sendo consumido por impostos, taxas e burocracias logo após o falecimento de um ente querido. Pode parecer um exagero, mas é exatamente o que muitas famílias brasileiras enfrentam ao se deparar com o inventário. E essa situação acontece no pior momento: quando todos estão emocionalmente fragilizados pela perda.
Advogados especializados em planejamento sucessório acompanham diariamente casos em que o inventário se torna não apenas um processo legal, mas um verdadeiro campo de batalha familiar, repleto de desgastes emocionais, gastos excessivos e paralisação do patrimônio. E o mais angustiante: tudo isso poderia ser evitado com planejamento em vida.
O inventário tradicional é oneroso. Entre ITCMD, custas cartorárias, honorários advocatícios e outros encargos, o processo pode consumir de 20% a 40% do que foi construído ao longo de toda uma vida.
Além disso, trata-se de um processo moroso. Mesmo quando tudo está relativamente organizado, o inventário pode durar anos. Em casos mais conflituosos, atravessa décadas. O resultado? Bens bloqueados, herdeiros em disputa e um legado paralisado.
O aspecto emocional também é sensível. Em um momento de luto, impor à família a tarefa de reunir documentos, resolver burocracias e ainda administrar conflitos é uma sobrecarga evitável. Principalmente quando o que está em jogo é a continuidade da harmonia familiar.
A solução para esse cenário está no planejamento. E, dentro dele, a Holding Familiar tem se mostrado uma das ferramentas mais eficazes.
Com a constituição de uma Holding, os bens do patriarca ou matriarca deixam de estar em nome da pessoa física e passam a integrar o capital de uma pessoa jurídica. A família se torna cotista dessa empresa, que concentra os ativos e permite uma administração com regras claras, definidas ainda em vida.
O principal ganho está na substituição do inventário pela transferência de cotas, o que é muito mais simples, rápido e econômico. Mas os benefícios vão muito além disso.
Com uma holding bem estruturada, é possível estabelecer acordos de sócios, definir quem administra, proteger o cônjuge sobrevivente com instrumentos como o “duplo gatilho” e, principalmente, evitar que o patrimônio se transforme em motivo de disputa.
Não se trata apenas de reduzir tributos (embora isso também ocorra). Trata-se de preservar o que foi construído com esforço e garantir que a próxima geração receba não apenas bens, mas também estrutura, paz e organização.
A eficiência tributária é também um ponto forte: economia no ITCMD, potencial redução do ITBI em alguns casos, e uma gestão mais vantajosa para receitas como alugueis ou ganhos de capital.
Mais do que uma estratégia jurídica, a holding é um gesto de responsabilidade e cuidado com as futuras gerações. Planejar a sucessão em vida é uma decisão madura, que evita o sofrimento futuro de quem já estará lidando com a dor da perda.
A reflexão é simples: é melhor deixar um plano ou um problema?